domingo, 20 de novembro de 2011

Kamayurá – Aldeia Morená

Veja também os posts “Kamayurá Arewawak!!” e "Kamayurá - Motap!!". 


A aldeia Kamayurá – Morená fica na confluência dos rios Kuluene, Ronuro e Batovi, formando o rio Xingu.

Chegar até aqui requer uma certa dose de aventura, principalmente nessa época do ano onde chove com regularidade. O mapa abaixo localiza você no mapa do Brasil e dá um pouco a dimensão das distâncias. Note uma grande mancha verde na parte superior esquerda do mapa. É o Parque Indígena do Xingu, de natureza intocada, bem distinta das demais regiões ocupadas pelo homem branco.

Brasília no canto inferior direito, Canarana (mais à esquerda) e a Aldeia Morená, no canto superior esquerdo

Para chegar até aqui, primeiro pega-se um ônibus de Brasília até Canarana, no estado de Mato Grosso. Deve-se ressaltar que é um ônibus leito de qualidade bem razoável e, se não fossem as 812 paradas, as 15 horas de viagem, a maioria durante a noite, passariam bem rápido.

O trecho seguinte é feito em avião monomotor. Como a pista de pouso da Aldeia Morená vira um lodaçal no período das chuvas, temos que pousar na aldeia Pavuru. Quem tem medo de voar de avião nem vai pensar em se arriscar a passar uma hora dentro desse avião lotado de gente (não tem um único vôo que saia com assento vazio) e de carga.

Lotação esgotada... de passageiros e de carga!!!

Risco não tem pois os aviões recebem excelente manutenção e o piloto não é doido em colocar o pescocinho dele no fio da guilhotina. Mas confesso que, ao olhar pra cima e ver uma baita nuvem negra e ao olhar para baixo e só ver mata e rio, faz a gente repensar certos conceitos e posições de vida!!!

Ah, se chover o avião não decola!!!

Os meandros do Kuluene abaixo de um céu prometendo chuva

Do Pavuru até Morená leva mais outra hora de viagem... em um barco desses de alumínio mais entupido que as antigas “jardineiras” que percorriam o interior de Minas. Aproveite e dê uma checadinha na foto abaixo e conte quantos estão com colete salva-vidas. Contou?! Pois é, isso aqui é um OUTRO Brasil!!!

Mais uma hora de barco rio acima

Morená é a confluência de três importantes rios e é, para os Kamayurá, o centro do mundo. Foi aqui que viveu Mavutsinim, figura mítica que representa o primeiro homem e criador de todos os demais seres humanos.

A Aldeia Morená é uma aldeia em formação e tem 27 anos de idade. Nasceu de uma dissidência entre os Kamayurás e se separou da aldeia principal, que fica nas margens da Lagoa Ipavu. Três famílias originaram o grupo fundador. A do pai do cacique Iawapi...

Cacique Iawapi

... a do Joe ...

Joe

... e a do pajé Kanari.

Pajé Kanari

Se essas são as mais importantes lideranças dentro da tribo, do lado de fora a Aldeia Morená é representada por outra importante e forte liderança, Kanawayuri Marcello Kamayurá, filho do Joe.

Marcello, importante liderança Kamayurá

Além das praças circulares (formação típica da etnia) onde se agregam as ocas dos núcleos familiares, a aldeia também possui uma escola, um posto de saúde,além do laboratório do Projeto Tracajá

Formação redonda de aldeia, típica da etnia Kamayurá

E é através do projeto Tracajá, que a Aldeia Morená projeta uma crescente influência e interesse em outras aldeias e etnias. O tracajá, pequena tartaruga de rio, comum em toda a Região Amazônica, está sendo protegida nas nove praias da imagem abaixo. Com isso espera-se que as gerações futuras de Kamayurás e de outras etnias possam voltar a comer esse importante elemento de sua tradicional alimentação.

As nove praias protegidas pelo Projeto Tracajá, com a Aldeia Morená no canto superior esquerdo



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