segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Deu pane - Medo de voar é uma delícia!!!



Não tenho o menor medo de voar de avião. Se meu avião fizer uma aterrissagem de barriga, espero apenas minhas pernas pararem de tremer e pego o voo seguinte.
Avião é o mais seguro meio de transporte
Mas estatística não falha! Se a chance de algo ocorrer é de 10%, ela provavelmente deverá acontecer se você a tentar por 10 vezes seguidas.

Poucos são os que não reconhecem que viajar de avião é o meio de transporte mais seguro que existe. Mesmo assim existe uma probabilidade, mesmo que remota, de algum problema acontecer. E na medida em que você viaja mais e mais, maiores serão as chances de, algum dia, você se deparar com uma turbulência braba, com uma arremetida, ou até mesmo uma pane. Já enfrentei as três!
Onde entra o medo, a racionalidade passa longe!
E se hoje a probabilidade de um acidente ocorrer é pra lá de remota, na década de sessenta, quando nos mudamos para Brasília, ela era beeeeem mais alta!

Naquela época era comum pegarmos “carona” nos velhos aviões DC3 da FAB (Força Aérea Brasileira) para irmos ao Rio. O problema era a incerteza de quando isso ocorreria, uma vez que a concorrência na fila de espera era grande! Outro problema era o “conforto”, uma vez que viajávamos em aviões de transporte de tropas. Um frio danado por falta de calefação, um banco pra lá de duro e serviço de bordo inexistente. Mas,como diz o ditado, “em cavalo dado não se olham os dentes”!!!
Era num desses DC3 cargueiros da FAB que pegávamos carona para o Rio
Me lembro bem que um desses voos que fizemos, foi pouco depois de um acidente com um avião semelhante, ocorrido na Amazônia. Como morria de medo de avião e para passar o tempo durante o vôo, minha irmã comprou uma revista “O Cruzeiro”... cuja reportagem de capa era exatamente sobre as agruras que os sobreviventes do tal acidente passaram até serem resgatados.

Foi só juntar uma pessoa sugestionável e com medo de voar de avião, com uma bela turbulência na região de Belo Horizonte, para o desespero aflorar. Para ela, estava mais que claro que aquela “coisa” ia cair e que iríamos passar sofrimentos iguais aos descritos na reportagem! E toca a rezar, e a olhar pela janela para ver se o motor não tinha parado, e a segurar firme nas mãos dos irmãos menores... Tenho certeza que a agonia dela foi longa, beeeeem longa, pois o avião só parou de chacoalhar bem próximo do tranquilo pouso no Rio.
O Cruzeiro era uma das mais populares revistas do Brasil nos anos 60
Por outro lado, em 1968, no retorno dos 8 meses em que morei nos EUA, o perrengue foi bem mais sério. Embarcamos em Miami em um "moderno" Convair 990, depois de um longo atraso, cuja razão não foi repassada aos passageiros pela Varig. Acordei no meio da noite com um baita solavanco e com a “aeromoça” (era assim que as comissárias eram chamadas naquela época) olhando meio apavorada pela janelinha do avião e indo correndo para a cabine. Na doce inocência dos meus 15 anos, virei pro lado e voltei a dormir. Só acordei na hora do pouso... em Belém! Só então os passageiros foram informados que o avião tinha feito um pouso de emergência devido à pane em uma das turbinas... razão do atraso do nosso embarque em Miami.

Foi em um Convair 990 Varig que voltamos de Miami em 1968


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